quarta-feira, 29 de abril de 2009

Há vinte anos, pela primeira vez um tribunal indiciou alguém por espalhar malware pela internet


Disquete com o código do worm Morris / Foto: Shannon Bullard / Wikipedia

RIO - Hoje ele é um professor associado do departamento de Engenharia Elétrica e Ciência da Computação no Massachusetts Institute of Technology (MIT). Mas Robert Tappan Morris, conhecido pela comunidade informática como "rtm", tem um passado um tanto turbulento: ele foi o criador do primeiro verme (vírus de computador que se autorreproduz) que se espalhou rapidamente, e que ficou conhecido como o worm Morris, em 1988. Há vinte anos, em julho de 1989, Morris foi a primeira pessoa na história da internet a ser indiciada por espalhar um vírus, sob o Computer Fraud and Abuse Act, aprovado nos Estados Unidos três anos antes.

Leia também: Vírus Conficker 'acorda' e começa a se espalhar por redes p2p

Robert, na época um estudante na Universidade de Cornell, alegou que a inspiração para criar o worm não era causar dano a ninguém, mas aferir o tamanho preciso da internet de então. Entretanto, o código do programa permitiu a replicação descontrolada em máquinas com o sistema Unix, bastante difundido nos anos 80. O worm explorou falhas nesse sistema, bem como senhas fracas, e rapidamente se espalhou.

O verme, tinhoso, conseguia infectar as máquinas várias vezes, afetando seu desempenho a cada invasão. No fim, as máquinas ficavam tão lentas que era impraticável usá-las. O resultado foi que a suposta experiência de Robert se transformou num tipo de ataque capaz de sobrecarregar servidores e computadores rede afora, uma modalidade hoje conhecida como "negação de serviço" ou DDoS, na sigla em inglês.

No fim da década de 80, a internet cconstituía-se de aproximadamente 60 mil computadores, dos quais 6 mil foram infectados pelo worm. Pode parecer pouco, mas trata-se de 10% da rede de então. A coisa foi tão grave que a Darpa (Defense Advanced Research Projects Agency), berço da internet, decidiu fundar um centro de respostas de emergência a problemas de segurança da informação na Universidade de Carnegie-Mellon, o célebre CERT, hoje referência no setor.

O governo americano estimou que os prejuízos com o worm poderiam ter chegado a U$ 100 milhões. Depois dele, percebeu-se que a internet, embrionária então, estava longe de ser um ambiente com segurança garantida. Robert Morris foi processado com base na lei de fraude computacional mencionada e condenado a três anos em liberdade condicional, além de multa de US$ 10 mil e 400 horas de serviço comunitário.

Anos depois de cumprir a sentença, Robert fundou a Viaweb, ferramenta online de montagem de lojas de e-commerce, que acabou vendida ao Yahoo! em 1998 por US$ 48 milhões e se tornou a Yahoo! Store. Ele continua a programar, mas agora se dedica a outros ramos, como a nova linguagem Arc.

Os worms, porém, continuam a aparecer e causar dor de cabeça a usuários e empresas. Sobig, MyDoom e o atual Conficker/Downadup, que bateu todos os recordes de velocidade de disseminação, são alguns exemplos desse tipo de ameaça.

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